quinta-feira, 12 de abril de 2007

Falta papel higiênico


Adriana Matiuzo

Gazeta de Ribeirão

Escolas de educação infantil ficam sem o produto em Ribeirão e apelam aos pais; secretário promete regularizar

Escolas e creches da rede de educação infantil de Ribeirão, que atendem crianças de até 6 anos, não estão recebendo papel higiênico em quantidade suficiente para atender a demanda. O problema ocorre desde o início do ano letivo, em fevereiro. Sem alternativas, algumas escolas ficam na dependência de doações dos pais dos alunos.

Segundo a funcionária de uma creche, que preferiu não ser identificada, a situação é “inviável” porque há meses não chega papel higiênico na quantidade adequada. De acordo com ela, desde o início do ano letivo, o fornecimento do material não tem sido suficiente. Os professores e funcionários têm feito controle rígido no dia-a-dia das crianças para tentar amenizar o problema.

"Agora que está no outono ficou pior porque crianças ficam resfriadas e precisam de papel também para soar o nariz. Imagine o que é cuidar de crianças sem ter papel higiênico", afirmou. De acordo com ela, sem a quantidade suficiente de papel higiênico, às vezes o mesmo rolo se reveza entre o refeitório e os banheiros masculino e feminino.

Informado pela Gazeta do problema, o promotor da Infância e da Juventude, Marcelo Goulart, disse que vai investigar o caso após publicação da reportagem.

A Gazeta falou com quatro escolas ontem. Na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Albert Einstein, no Jardim Interlagos, os dois últimos rolos de papel higiênico foram colocados em uso no fim da tarde de terça-feira e não havia mais nada no estoque da escola.

Na escola Ana Maria Chúfalo, no Jardim Roberto Benedetti, a quantidade de papel também não tem sido suficiente. Na manhã de ontem não havia papel higiênico no estoque. O mesmo ocorre com o CEI (Centro Educacional Infantil) Aurélio Pacagnella, no José Sampaio, onde haverá solicitação às mães para que doem os rolos. No CEI Cecílio Fráguas, na Vila Abranches, na manhã de ontem havia apenas alguns rolos doados pelas mães.

O secretário da Educação, José Norberto Callegary Lopes, disse que não tem conhecimento sobre o problema, mas afirmou que o fato pode ter ocorrido porque no início do ano o Município teve que trocar de fornecedor devido a problemas com a qualidade do papel higiênico comprado (leia texto nesta página).

Na opinião do professor do Departamento de Psicologia e Educação da USP (Universidade de São Paulo) José Marcelino de Rezende Pinto, especialista em políticas públicas, o fato tem de ser interpretado como erro da administração, pois houve má locação de recursos no seu entendimento.

"O Município gastou R$ 3 milhões para comprar uniforme escolar que não é um item imprescindível e agora deixa faltar o básico, aquilo que diz respeito à saúde e higiene das crianças. Isso é inaceitável", disse o professor.

Para a vereadora Fátima Rosa (PT), que faz parte da bancada de oposição ao prefeito na Câmara, o problema é grave e não se pode mais falar em falta de planejamento.

"Isso já não é falta de planejamento, isso é desleixo, descaso com a população", disse a petista. Ela diz que quando se fala de falta de vagas nas creches,é compreensível que o problema de hoje seja entendido como algo herdado. No caso do papel higiênico, diz não há justificativa.

Secretário afirma que vai regularizar

O secretário da Educação de Ribeirão Preto, José Norberto Callegary Lopes, disse na tarde de ontem que não tinha conhecimento sobre o problema com a falta de papel higiênico, mas informou que é possível que isso esteja ocorrendo de fato e que no máximo ainda esta semana o fornecimento será totalmente regularizado nas escolas de Ribeirão Preto.

Segundo o secretário há a possibilidade de o problema ter ocorrido porque no começo do ano, quando assumiu o cargo, a secretaria solicitou a troca de fornecedores. A empresa campeã da licitação teve que ser substituída às pressas pela segunda colocada porque o Município constatou que a qualidade do papel higiênico fornecido ao Ensino Infantil estava inferior ao que era considerado adequado.

Segundo Callegary, a pasta da Educação é muito grande e complexa, por isso nem sempre os problemas chegam ao seu conhecimento de imediato. "Se hoje o produto está sendo entregue, por exemplo, as notas só chegam para eu assinar na semana que vem", justificou o secretário.

Ele disse que solicitou que a empresa fornecedora agilize a distribuição do material junto às escolas "Já cobrei da empresa e a partir de hoje se este problema ocorrer, será algo pontual. Até o final da semana a distribuição será regularizada. Se houve um atraso foi devido às mudanças que fizemos no começo do ano. Pode ter sido um reflexo dessa mudança", afirmou Callegary. (Gazeta de Ribeirão)



12 de abril de 2007.

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