quinta-feira, 19 de abril de 2007

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Falta papel higiênico


Adriana Matiuzo

Gazeta de Ribeirão

Escolas de educação infantil ficam sem o produto em Ribeirão e apelam aos pais; secretário promete regularizar

Escolas e creches da rede de educação infantil de Ribeirão, que atendem crianças de até 6 anos, não estão recebendo papel higiênico em quantidade suficiente para atender a demanda. O problema ocorre desde o início do ano letivo, em fevereiro. Sem alternativas, algumas escolas ficam na dependência de doações dos pais dos alunos.

Segundo a funcionária de uma creche, que preferiu não ser identificada, a situação é “inviável” porque há meses não chega papel higiênico na quantidade adequada. De acordo com ela, desde o início do ano letivo, o fornecimento do material não tem sido suficiente. Os professores e funcionários têm feito controle rígido no dia-a-dia das crianças para tentar amenizar o problema.

"Agora que está no outono ficou pior porque crianças ficam resfriadas e precisam de papel também para soar o nariz. Imagine o que é cuidar de crianças sem ter papel higiênico", afirmou. De acordo com ela, sem a quantidade suficiente de papel higiênico, às vezes o mesmo rolo se reveza entre o refeitório e os banheiros masculino e feminino.

Informado pela Gazeta do problema, o promotor da Infância e da Juventude, Marcelo Goulart, disse que vai investigar o caso após publicação da reportagem.

A Gazeta falou com quatro escolas ontem. Na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Albert Einstein, no Jardim Interlagos, os dois últimos rolos de papel higiênico foram colocados em uso no fim da tarde de terça-feira e não havia mais nada no estoque da escola.

Na escola Ana Maria Chúfalo, no Jardim Roberto Benedetti, a quantidade de papel também não tem sido suficiente. Na manhã de ontem não havia papel higiênico no estoque. O mesmo ocorre com o CEI (Centro Educacional Infantil) Aurélio Pacagnella, no José Sampaio, onde haverá solicitação às mães para que doem os rolos. No CEI Cecílio Fráguas, na Vila Abranches, na manhã de ontem havia apenas alguns rolos doados pelas mães.

O secretário da Educação, José Norberto Callegary Lopes, disse que não tem conhecimento sobre o problema, mas afirmou que o fato pode ter ocorrido porque no início do ano o Município teve que trocar de fornecedor devido a problemas com a qualidade do papel higiênico comprado (leia texto nesta página).

Na opinião do professor do Departamento de Psicologia e Educação da USP (Universidade de São Paulo) José Marcelino de Rezende Pinto, especialista em políticas públicas, o fato tem de ser interpretado como erro da administração, pois houve má locação de recursos no seu entendimento.

"O Município gastou R$ 3 milhões para comprar uniforme escolar que não é um item imprescindível e agora deixa faltar o básico, aquilo que diz respeito à saúde e higiene das crianças. Isso é inaceitável", disse o professor.

Para a vereadora Fátima Rosa (PT), que faz parte da bancada de oposição ao prefeito na Câmara, o problema é grave e não se pode mais falar em falta de planejamento.

"Isso já não é falta de planejamento, isso é desleixo, descaso com a população", disse a petista. Ela diz que quando se fala de falta de vagas nas creches,é compreensível que o problema de hoje seja entendido como algo herdado. No caso do papel higiênico, diz não há justificativa.

Secretário afirma que vai regularizar

O secretário da Educação de Ribeirão Preto, José Norberto Callegary Lopes, disse na tarde de ontem que não tinha conhecimento sobre o problema com a falta de papel higiênico, mas informou que é possível que isso esteja ocorrendo de fato e que no máximo ainda esta semana o fornecimento será totalmente regularizado nas escolas de Ribeirão Preto.

Segundo o secretário há a possibilidade de o problema ter ocorrido porque no começo do ano, quando assumiu o cargo, a secretaria solicitou a troca de fornecedores. A empresa campeã da licitação teve que ser substituída às pressas pela segunda colocada porque o Município constatou que a qualidade do papel higiênico fornecido ao Ensino Infantil estava inferior ao que era considerado adequado.

Segundo Callegary, a pasta da Educação é muito grande e complexa, por isso nem sempre os problemas chegam ao seu conhecimento de imediato. "Se hoje o produto está sendo entregue, por exemplo, as notas só chegam para eu assinar na semana que vem", justificou o secretário.

Ele disse que solicitou que a empresa fornecedora agilize a distribuição do material junto às escolas "Já cobrei da empresa e a partir de hoje se este problema ocorrer, será algo pontual. Até o final da semana a distribuição será regularizada. Se houve um atraso foi devido às mudanças que fizemos no começo do ano. Pode ter sido um reflexo dessa mudança", afirmou Callegary. (Gazeta de Ribeirão)



12 de abril de 2007.

EDITORIAL - Prefeito quer economia


Gazeta de Ribeirão, 12 de abril de 2007

Certamente os administradores públicos de Ribeirão não deixam faltar itens básicos como rolos de papel higiênico em suas casas.

O papel higiênico é fundamental na instalação de um ambiente civilizado e na formação básica de uma criança. Sua ausência jamais poderia ser aceita em escolas e creches públicas ou privadas, nem nas residências.

Mas em Ribeirão isso acontece nos dias de hoje. Trata-se, portanto, de mais um ‘caso de descaso’ com a população da cidade registrado dentro da própria Prefeitura.

Segundo a Prefeitura, um problema com o fornecedor, no final do ano passado, pode ser a causa do desabastecimento. Para especislista, no entanto, houve erro na gestão do assunto.

As crianças não têm culpa. Nem os pais. Mas são eles que têm que cuidar do problema, enviando rolos de papel para o uso dos filhos nas creches.

Enquanto em escolas particulares a preocupação é com reciclagem e o aquecimento global, nas creches públicas perde-se tempo tentando encontrar soluções para falta de itens de higiene básicos para qualquer comunidade.

Além de tudo isso, a cidade tem déficit de cerca de 7.000 vagas nestas mesmas creches, ou seja, 7.000 crianças não são atendidas pelo sistema e têm que ir para estabelecimentos clandestinos ou ficar em casa de amigos ou parentes.

Em alguns casos os pais são obrigados a deixar de trabalhar por não ter opções de onde deixar os filhos.

Nosso futuro está em nossas crianças. É preciso mais atenção com elas.


segunda-feira, 2 de abril de 2007

Cai liminar sobre creches

Cai liminar sobre creches

O juiz Paulo César Gentile, da Vara da Infância e Juventude de Ribeirão Preto, revogou a liminar que havia concedido, em ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Estadual, exigindo que a Secretaria Municipal da Educação matriculasse em creches um grupo de 70 crianças de zero a três anos de idade, residentes em bairros do Complexo Aeroporto.
A liminar (antecipação de tutela), concedida no último dia 18 de março, determinava a “imediata matrícula dos infantes em creches da rede pública municipal”.

Protesto

Na semana passada, organizado por associações de moradores, um grupo de 39 pais e mães, acompanhados dos filhos e levando a ordem judicial, esteve na sede da Secretaria da Educação, para fazer a matrícula das crianças, sem obter êxito.
A liminar estipulava multa de R$ 1.000,00/dia por criança não matriculada. Assim, a Prefeitura de Ribeirão Preto estava sujeita a uma multa diária de R$ 39 mil, pelo descumprimento da ordem judicial.

O próprio secretário municipal da Educação, José Norberto Callegari Lopes, redigiu um texto com os motivos do não cumprimento, anexado a uma petição pedindo a revogação da liminar, assinada pela advogada Maria Helena Rodrigues Cividanes, da Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos. Na última sexta-feira, o juiz Gentile despachou favoravelmente, revogando a liminar.
O secretário Callegari Lopes, em viagem, não foi localizado ontem pela reportagem para comentar o assunto. Gentile disse que não poderia falar sobre um processo ainda em julgamento. a advogada Maria Helena ainda não tinha sido notificada da decisão do juiz.


PROMOTORIA

Revogação de liminar é derrota da “Ciranda”

A decisão do juiz da Vara da Infância e Juventude de revogar a liminar exigindo a matrícula de crianças em creches municipais é a primeira derrota do movimento “Ciranda em Defesa da Educação Infantil”, lançado pela Promotoria da Infância e Juventude com o apoio da Pastoral da Criança da Arquidiocese de Ribeirão Preto, da Ordem dos Advogados do Brasil/Comissão de Direitos Humanos e do Conselho Regional de Psicologia, entre outras entidades e organizações não-governamentais.

A “Ciranda em Defesa da Educação Infantil” percorre bairros da periferia, carentes de creches municipais ou conveniadas com a Prefeitura, cadastra crianças cujos pais não conseguiram vagas e apresenta na Justiça ações civis públicas exigindo a matrícula com base na Constituição Federal (artigo 129) e no ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 201). A liminar, agora revogada, tinha sido a primeira tentativa de obrigar a Prefeitura a matricular crianças sem vagas.

Jornal A Cidade, 02 de abril de 2007.
Link: http://www.jornalacidade.com.br/geral/ver_news.php?pid=34&nid=52081

domingo, 1 de abril de 2007

Irenes e Pedros

Irenes e Pedros

Adriano Gosuen

Eu gosto muito do poeta Manoel Bandeira. Acho que, por isso, naquela manhã fresquinha de sábado, me lembrei dele.

Era o dia 27 de janeiro e estávamos no Jardim Aeroporto para começar uma nova etapa na luta pelos direitos das crianças à educação: dali sairia a primeira caminhada da “Ciranda em Defesa da Educação Infantil”, um movimento que pretende garantir vaga em creche e pré-escola, com atendimento público, gratuito e de qualidade para qualquer criança da cidade, conforme manda a lei.

Era essa a missão do dia: mostrar para o povo seus direitos e como ele pode cobrar que seu direito seja realizado na área da educação. Quem estava lá? Ah, essa é a parte mais gostosa da história: 24 instituições, entre elas a Promotoria da Infância e Juventude, a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Regional de Psicologia, vários estudantes universitários, mas especialmente, Irene e São Pedro. Quem? Os personagens de uns versinhos do Manoel Bandeira. O poema diz assim:

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Sim, para mim, Irene e São Pedro, por um instante, estavam lá. Foi quando vi a Zezé e o Padre Chico se cumprimentarem. De um lado, Zezé, no seu porte elegante de senhora negra que se tornou educadora de muita competência da Creche Carochinha da USP e, de outro lado, o Padre Chico, que com seu tamanho nos lembra um padre bonachão, somada a agilidade e atuação intensa que o Padre Chico tem. É como se a Zezé e o Padre Chico, por instantes, estivessem encenando os personagens do poema.

E foi aí que comecei a passar os olhos em torno e comecei a ver mais Irenes e mais Pedros em cada uma das pessoas que estava ali, para ajudar aquelas crianças a conquistarem seus direitos. Era o bom humor de Irene e a generosidade de São Pedro estampadas nos estudantes, nas donas-de-casa, nos paroquianos das comunidades de Santa Terezinha, São Mateus, São Geraldo, Nossa Senhora das Dores, Senhor Bom Jesus da Lapa, Maria Mãe do Povo e São Lázaro! Era a força do senhor Mário Saponi - cuja idade já o isentava de estar lutando, mas que não só foi conosco caminhar, como também segurou a bandeira por quase todo o trajeto.

Também eram Irenes e Pedros as queridas pessoas da Pastoral da Criança, que fazem seu trabalho de formiguinha, levando de casa em casa, acolhimento e cuidado às famílias que necessitam, independente de que religião as famílias tenham.

Eu não acredito em muita coisa, mas ali, caminhando com essa gente, que acredita que o bem comum é possível, que acredita que podemos todos ter felicidade; foi ali, nessa luta pela garantia do direito à educação das crianças, que tive a certeza de que a Igreja de Pedro está viva e bem representada pelos católicos que entendem que a justiça social precisa acontecer na Terra; que a justiça social nos foi presenteada por Deus para que todos tenham vida em abundância e que é nosso dever fazer acontecer a vontade Dele, de felicidade e amor para todos.

Essas Irenes e Pedros me alimentaram de fé e esperança. E por isso, agradeço a todos eles, a imensa felicidade que me deram de comungar a fé que eles têm em um mundo melhor.

Jornal da Paróquia Santa Terezinha.